Desejo de gravidez? Guilty! Comia esponjas de lavar a loiça



Antes de engravidar, e durante a minha primeira gravidez, sempre afirmei que os desejos de grávida eram invenções de mulheres caprichosas.
Realmente, quem não sabe é como quem não vê e passado alguns anos tive que morder a minha própria língua!
No outro dia coloquei no meu mural do facebook uma imagem que questionava o seguinte:
"Se os vossos filhos tivessem o nome dos desejos de gravidez como se chamariam?"
Houve respostas de todo o tipo, desde as mais comuns como castanhas assadas ou tangerinas às mais complexas como "lamber ferro das obras", " casca de banana" ou "sabonete".
Eu ao ler estes últimos devo confessar que rejubilei de alegria, por me sentir acompanhada na loucura.
Nas minhas duas ultimas gravidezes eu não só tive desejos como fui diagnosticada com síndroma da pica.
Este nome pomposo quer só e apenas dizer que não se consegue controlar o desejo de comer coisas que a maioria das pessoas considera nojentas. Há quem como terra, detergentes de lavar a roupa, tecido...eu comia esponjas amarelas de lavar a loiça!
Aposto que a maioria já está a pensar que deviam ter chamar o Júlio (hospital Júlio de Matos) e eu durante imenso tempo vive com um sentimento de vergonha gigante.
Na gravidez da Camilinha  (quando o estranho desejo apareceu) comprava as esponjas e escondia, e só as comia quando estava sozinha em casa.
O meu marido descobriu quase no final da gravidez, e como é óbvio achou terrível e começou a contar a toda a gente na esperança que a vergonha me demovesse de ingerir mais esponjas.
O tiro saiu-lhe pela culatra, porque uma vez que já todos sabiam eu não tinha nada a esconder. Então comia com satisfação uma boa esponjinha amarela por dia.
Chegou ao cumulo de uma vez ir ao lidl comprar esta delicia e não haver esponjas amarelas...estavam esgotadas!! O que é que eu ia fazer?! O pânico e o horror tomou conta de mim!
Lá tive que vir para casa com uma esponja roxa, mas o sabor não era igual...mesmo assim marchou.
No dia em que a Camila nasceu o desejo desapareceu.
Nunca mais tive vontade de comer esponja até dois anos depois, quando fiquei grávida do Tomás.
O meu querido  médico Fernando Cirugião, desvalorizou o facto e disse que existem muito mais pessoas com este síndromas do que possamos pensar.
E tal como da primeira vez, no dia em que o Tomás nasceu a minha vontade de degustar esponjinhas amarelas desapareceu.
Como nunca mais tive essa vontade, não houve necessidade de descobrir a origem desta necessidade louca que eu sentia, e todas as análises confirmaram que não houve qualquer alteração no meu estado de saúde.
E pronto, é assim que confesso que também eu já fui louca varrida por esponjas amarelas e que só de pensar nelas começava a salivar.
Aposto que depois de lerem isto se vão lembrar de mim sempre que lavarem a loiça!

 

Comentários

  1. Acho deliciosa a forma como descreves a coisa... simples, sem dramas e com humor :)
    É interessante que se fale tão pouco do lado menos glamour da gravidez... sinal desta formatação tão subtil quanto enraizada na cultura vigente (e não é exclusivo nenhum de tugaland!).
    Obrigada :)

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