Publicada por
Andreia Vidal
Pedagogias alternativas
Existem muitas dúvidas sobre os vários tipos de pedagogias.
Eu sou a favor de retirar o melhor de cada uma e adaptar á realidade do grupo de crianças com as quais trabalho.
Deixo aqui um artigo da revista Activa que resume os vários modelos pedagógicos!
 
 
 
 
 
Eu sou a favor de retirar o melhor de cada uma e adaptar á realidade do grupo de crianças com as quais trabalho.
Deixo aqui um artigo da revista Activa que resume os vários modelos pedagógicos!
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Chega a altura de inscrever os filhos no  jardim infantil e é ver os pais afadigados a tentar encontrar a melhor opção.  Pesam-se critérios geográficos e monetários, apura-se a intuição na visita aos  espaços, pergunta-se aos amigos, suspira-se por uma vaga disponível. Alguns  pais, porém, pesam ainda outros critérios, como a vertente espiritual e  ecológica ou a alimentação vegetariana, ou ainda, e no extremo oposto, as  virtudes do currículo académico e as taxas de sucesso escolar...Procuram escolas  à margem do 'sistema'. Ancoradas em filosofias diferentes, estas instituições  são verdadeiros nichos em expansão.
As holísticas: Pedagogia Waldorf,  Método Montessori, Método Vilaverde
Método Waldorf: a educação é vista de forma holística e a criança como um ser espiritual. Não se cultiva o pensar abstracto precocemente e a vertente artística é enfatizada.
São 10 horas da manhã quando o Gabriel chega ao jardim  infantil São Jorge, em Alfragide. Mal passa a porta da entrada tira os sapatos,  calça umas pantufas e apressa-se a ir ter com os colegas. Há onze meninos na  sala, todos com idades entre os três e os cinco. Até à hora do almoço o tempo é  de brincadeira, e o Gabriel só tem de escolher o que lhe apetece fazer: há  brinquedos de madeira, mas também pode desenhar com lápis de cera (não há  canetas). Outra hipótese é juntar-se ao grupo que brinca às casinhas a um canto.  O ambiente é de alegre confusão mas a educadora Inês Carvalho nunca levanta a  voz e quando um dos meninos se porta mal é com suavidade que o convence a ficar  sentado à parte durante uns minutos. "Nunca dizemos que estão de castigo, mas  sim que vão descansar. A maior parte das vezes precisam apenas de ficar quietos  um bocadinho para perceber que agiram mal", explica. De resto, os gritos estão  completamente ausentes deste método educativo, mesmo quando as crianças se  mostram particularmente irrequietas. "Nesta idade eles absorvem tudo, aprendem  fundamentalmente por imitação. Por isso, o comportamento e a energia de quem  interage com eles é muito mais determinante do que explicações muito racionais e  elaboradas".
A atitude zen de Inês Carvalho é apenas uma das  características da pedagogia Waldorf, fundada pelo alemão Rudolph  Steiner em 1919 e introduzida em Portugal em 1984 precisamente neste  jardim infantil. Reconhecida pela Unesco, é o maior movimento pedagógico  independente do mundo. Neste método, a educação é vista de forma holística e a  criança como um ser espiritual. Não se cultiva precocemente o pensar abstracto e  a vertente artística é enfatizada. Os brinquedos são feitos de materiais  naturais, como madeira e cortiça, para condicionarem o menos possível a  brincadeira. Não há carrinhos de plástico ou barbies, apenas bonecas de trapos  ou lã. O objectivo é que qualquer brinquedo se possa transformar em qualquer  coisa através da imaginação. Também se valorizam os ciclos da natureza, o  respeito pela terra e pelos os animais. Pretende-se um desenvolvimento livre e  harmonioso, só possível com um ambiente acolhedor e pleno de aceitação. "Nesta  fase eles aprendem sobretudo por imitação, é por isso que é tão importante que a  educadora seja uma pessoa muito equilibrada", afirma Inês Carvalho. É que é a  ela que cabe conduzir as crianças abstendo-se de exigências ou autoridades. Em  vez disso, recorre à persuasão e ao exemplo.
Está quase na hora do almoço que será vegetariano e  biológico. É tempo de arrumar os brinquedos, juntar as mãos e cantar. Os gestos  contam a história de uma sementinha que se transforma em flor, uma forma de dar  as boas-vindas à Primavera ao mesmo tempo que se acalmam os ânimos. Neste  momento o Jardim-de-infância São Jorge conta com seis crianças no berçário, 10  na creche e 11 no jardim-de-infância. Paula Martinez é a actual directora do  espaço. "Não somos fundamentalistas nem queremos converter ninguém", assegura.  "É verdade que alguns pais têm receio da transição para as escolas normais, mas  o certo é que nunca houve problemas, pelo contrário". Apesar da completa  ausência de competitividade e de não se estimular a aprendizagem da leitura ou  escrita antes dos seis anos "as crianças saem com uma extraordinária capacidade  de adaptação e aprendizagem".
Jardim-de-infância S. Jorge, Alfragide. Tel.: 214 711 920.  Coop. Verdes Anos, Monsanto. Tel.: 91233 69 43. Harpa, Alhandra. Tel.: 21 951 20  92. Jardim-de-infância Viva, Barão de S.João, Lagos. Tel.:282 761 786.
Método Montessori: utilizar material material específico para desenvolver as capacidades das crianças de forma lúdica, num ambiente acolhedor e familiar são apenas alguns pressupostos do Método Montessori aplicado no ensino público holandês.
A primeira coisa que salta à vista quando se entra no Boa  Ventura Montessori School, em São João do Estoril, é o ambiente multicultural. A  língua franca é o inglês e há crianças entre os três e os cinco anos de todas as  partes do globo.  Uma escola para estrangeiros? Nem pensar, assegura a  directora Adélia Lopes. "Está provado que a melhor altura para a aprendizagem de  línguas novas é por volta dos três anos e o facto é que elas aprendem num  instante, sem qualquer esforço especial, apenas pelo convívio com as educadoras  e as outras crianças. É se é certo que o inglês incentiva a vinda de crianças de  todas as nacionalidades, também há portugueses que optam por colocar os seus  filhos nesta escola, uma das poucas a praticar o método Montessori em estado  puro. Criado pela psicóloga italiana Maria Montessori no século  XIX, a principal característica deste método é a utilização de material  específico para desenvolver as capacidades das crianças de forma lúdica e a  utilização de mobiliário e utensílios em miniatura, proporcionais ao tamanho dos  mais pequenos .
O ambiente caseiro e acolhedor é outro ponto de honra. A  ideia é a criança sentir-se num espaço seguro, o mais parecido possível com a  sua própria casa. Os sapatos ficam à entrada, sendo apenas usados no exterior.  Assim que chegam, pelas nove horas, as crianças vão para uma das salas consoante  a idade. "Ao todo há neste momento 22 crianças, sendo que cada educadora tem no  máximo seis ou sete a seu cargo". Há currículos específicos que têm a ver com a  aquisição de determinadas capacidades, no entanto cada criança aprende ao seu  ritmo. A aprendizagem faz-se através dos materiais didácticos inventados por  Maria Montessori. Há 'brinquedos' para estimular os sentidos, para estimular a  concentração e para facilitar a aprendizagem dos gestos da vida prática como  apertar os sapatos ou deitar água num copo. Por vezes, são objectos muito  simples, como um jarro em miniatura ou uma placa com orifícios que lhes permite  exercitar a motricidade fina como se estivessem a atar um sapato. Outras vezes  são materiais complexos destinados a desenvolver capacidades de cálculo. A base  é sempre sensorial, já que a criança aprende fazendo e sentindo.
Por exemplo, numa caixa com cubos de vários tamanhos para  encaixar, todos têm uma película rugosa, sendo que quanto maiores são os cubos  mais rugosa é a película. A ideia é ela desenvolver os sentidos de forma lúdica  ao mesmo tempo que apreende conceitos como a soma e a subtracção. Embora as  aulas sejam em grupo a utilização de cada material é individual. Ao professor  cabe estimular a criança que é livre de escolhe os materiais que quer usar.  Adélia Lopes garante que este método suave é altamente eficaz e que as crianças  crescem equilibradas, sensíveis e integradas. 
Está quase na hora do recreio, às 11h30. Durante meia hora,  os materiais ficam de lado e com bom tempo é possível ir para o jardim. Ao  meio-dia será o almoço. A comida está a cargo dos pais que a trazem em termos ou  lancheiras. Apenas por uma questão prática: "Tendo em conta a diversidade  cultural das nossas crianças era impossível fazer uma alimentação adaptada aos  hábitos de cada uma. È que tanto pode haver meninos japoneses a comer sushi como  indianos a almoçar caril. Sempre em espírito de harmonia.  "As crianças são  naturalmente curiosas e perceberem que há mundos diferentes dos delas estimula o  espírito de tolerância. Além disso é enriquecedor. Elas são autênticas esponjas,  para ter ideia, o ano passado tínhamos uns meninos japoneses que brincavam muito  com um americano. Nas brincadeiras eles falavam na sua língua, mas ao fim de um  semestre, numa festa com os pais, observámos com pasmo o menino português a  comunicar perfeitamente com a mãe dos japoneses. Tinha aprendido japonês". 
Boaventura Montessori School, São Pedro do Estoril. Tel.: 93  631 91 60. www.boaventuramontessori.com. Jardim-de-infância O Beiral, Lisboa.  Tel.: 21 778 33 37.
Método Vela Verde: assenta numa abordagem holística com forte ênfase ecológica e sustentável. A alimentação é vegetariana e biológica, há uma horta biológica cultivada com a ajuda de alguns pais e aprende-se a reciclar desde cedo.
Criado no início dos anos 80 em Itália por Stefano Cavagna e  Sónia Cian, o método Valverde é aplicado em Portugal no Jardim Infantil  Vela Verde, em Alfragide, uma cooperativa fundada há nove anos por um  grupo de pais. A directora Margarida Zocoli, é uma bióloga especializada em  educação ambiental que se interessou pelas pedagogias alternativas a partir da  experiência com as suas próprias filhas. "Passei pela pedagogia Waldorf, que é  muito interessante, mas a determinada altura achei que o método era muito rígido  e comecei a pesquisar outras coisas'.
Na vivenda que abriga o jardim infantil, o ambiente é  familiar, a ideia é que seja uma segunda casa. A única diferença está no  mobiliário está todo adequado ao tamanho dos pequenos hóspedes, 10 crianças com  um e dois anos e 12 entre os três e os cinco anos. O método tem forte ênfase  ecológica, a alimentação é vegetariana e biológica, há uma horta biológica  cultivada com a ajuda de alguns pais e aprende-se a reciclar desde cedo. "Uma  coisa garanto, estas crianças têm uma alimentação muito mais diversificada do  que a maioria". Uma rápida visita à cozinha comprova a afirmação. Há dezenas de  frascos com cereais tão diversos como quinoa, soja, tofu, seitan feijão azuki,  lentilhas e algas. "A maior parte das crianças não é vegetariana, mas todas se  habituam rapidamente aos novos sabores".
Em termos curriculares o mais determinante é o facto de toda  a aprendizagem se fazer a partir da vontade das crianças que "são estimuladas a  pensar por si em vez de serem meros receptáculos das explicações dos adultos  acerca do mundo. À educadora cabe dar forma e conteúdo didáctico aos projectos.  Pode ser uma coisa tão simples como uma delas perguntar porque o sino apaga a  vela. Em vez de responder com uma explicação científica a educadora devolve a  pergunta. Surgem respostas muito engraçadas e interessantes e nenhuma é dada  como errada, antes considerada como uma hipótese válida porque a maior parte das  questões tem múltiplas respostas. Também podemos explorar a questão de forma  artística através de pinturas, e no fim, vamos ver o que dizem os cientistas e  pedimos aos pais para trazerem um livro que explique o fenómeno. Eles não sabem  ler mas habituam-se desta forma a gostar deles e a manuseá-los".
Uma interrogação como esta pode ser o mote para um projecto  que entusiasme as crianças durante um semestre. "O limite será o interesse e  capacidade de absorção. Este ano, quiseram aprender sobre os dinossauros.  Acabaram a estudar o início da vida, o big bang, a noção de célula... é claro  que um método destes exige mais de uma educadora porque nunca sabemos o que  vamos ter de preparar", explica Olga Teixeira. A educadora, de 27 anos, chegou a  trabalhar num infantário convencional, mas garante que a diferença é abissal.  "Não tenho saudades do ritmo, do barulho, do ambiente... era tudo estereotipado,  não havia espaço para as crianças serem criativas", conta enquanto vigia as  crianças no jardim. Aqui, subir às árvores é incentivado. "É importante para o  seu desenvolvimento que as crianças explorem os seus limites físicos e façam  algumas coisas perigosas como lidar com o fogo desde que devidamente  acompanhadas pelos adultos", defende Margarida Zocoli. A comunicação com os pais  é outro aspecto essencial, Todos os dias é feito um sumário das actividades  realizadas que os meninos ajudam a escrever. Desta forma não só consolidam o que  aprenderam como se estimula os pais a continuarem a trabalhar essas questões em  casa.
Jardim-de-infância Velaverde, Alfragide. Tel.: 21 471 32  28.
Uma escola democrática: Movimento Escola  Moderna
Impulsionado pelo pedagogo Celestin Freinet, o Movimento Escola Moderna popularizou-se em Portugal nos anos  70, quando os ventos revolucionários exigiam escolas democráticas adequadas aos  novos tempos. A ideia era substituir contextos fortemente baseados na hierarquia  no conhecimento adquirido de forma passiva por um ambiente fortemente  comunitário onde a cooperação e a livre expressão fossem valores dominantes. O  respeito pela individualidade das crianças e o incentivo ao espírito crítico são  outros pilares das escolas com esta filosofia onde é normal haver conselhos de  turma que decidem democraticamente as actividades e os planos de estudo ou  servem de palco para a auto-avaliação do comportamento de cada um durante a  semana. Em termos curriculares a aprendizagem baseia-se em Projectos que partem  das interrogações e interesses das crianças e são realizados sempre em pequenos  grupos. Autonomia e comunicação são outras palavras-chave deste método aplicado  em Lisboa na Voz do Operário ou na célebre Escola da Ponte, em Vila das Aves.  Para mais informação vá a www.movimentoescolamoderna.pt.
Educar para o sucesso: Método João de Deus, Método  High Scope.
Método João de Deus: Disciplina rigorosa e conteúdos programáticos exigentes são a base do método criado no século XIX por João de Deus.
Está longe de ser novo mas continua popular. As listas de  espera são quilométricas e a razão está nos resultados, assegura o bisneto do  fundador, António Ponces de Carvalho. Disciplina rigorosa e conteúdos  programáticos exigentes são a base de um método criado no século XIX por João de  Deus, o criador da célebre Cartilha Maternal que ainda hoje é usada para ensinar  as crianças a ler aos cinco anos. De resto, nesta idade já sabem fazer diversas  operações de cálculo. "Não é à toa que os vencedores das olimpíadas da língua  portuguesa vinham de escolas João de Deus", diz António Ponces de Carvalho.  Ministros, médicos e outras figuras conhecidas são apontadas como exemplos. Uma  verdadeiro forno de líderes, portanto. "As neurociências têm vindo a demonstrar  que a janela óptima de aprendizagem é até aos cinco anos. Não temos que ter medo  de estimular as crianças, elas são curiosas por natureza e aprendem tudo desde  que percebam a utilidade ou achem divertido".
Também é importante a disciplina, que se aprende de forma  progressiva mas se os horários são estruturados de forma rigorosa desde cedo, em  contrapartida não há trabalhos de casa. Além da cartilha maternal, há diversos  materiais específicos usados para estimular o raciocínio lógico e matemático e a  destreza manual. Há dezenas de escolas espalhadas pelo país. A dos Olivais tem  387 alunos, 169 no jardim infantil e 218 na primária. Os miúdos diferenciam-se  pela cor do bibe, único elemento distintivo no recreio. Até há pouco tempo até a  brincadeira dos intervalos era 'orientada' pelas educadoras que propunham jogos  e actividades "mas achámos que era um exagero e acabámos com isso". A educação e  as boas maneiras são valores prezados e aos três anos já comem sozinhos com dois  talheres.
Escola João de Deus. Olivais. Rua Cidade Vila Cabral, tel.:  218 530 002. www.joaodeus.com
Método High Scope: Aprendizagem através da experimentação, registo diário das capacidades desenvolvidas e alimentação controlada por nutricionista, tudo para proporcionar aos pais garantias de elevado sucesso.
Surgiu nos EUA a partir da experiência com crianças de meios  desfavorecidos, como forma de combate ao insucesso escolar, mas o sucesso  converteu-a em método curricular aplicado hoje nalguns jardins infantis. A ideia  base é a de que as crianças aprendem através da experimentação mas ao contrário  do método João de Deus, as salas não seguem o modelo tradicional das secretárias  alinhadas de frente para a professora e  as crianças movimentam-se livremente por diversas “áreas temáticas” em função da matéria que estejam a explorar. Pode haver um cantinho do marceneiro, um cantinho do médico e um  cantinho da casinha para descansar. Existe também uma rotina consistente e todas  as actividades se baseiam na sequência Planear, Fazer, Rever, o que permite à criança reflectir sobre as acções que executa e ter uma sensação de controlo sobre o seu dia, ao mesmo tempo que desenvolve um sentido de responsabilidade e competência. É feito um registo diário das capacidades desenvolvidas pelas crianças e os pais são incentivados a acompanhar de perto as actividades. Na creche Salpicos de Alegria, no Lumiar, por exemplo, a alimentação é seleccionada por nutricionistas e dietistas, há Yoga para pais e filhos e serviço de babysitting.
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Artigo muito interessante. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarTem conhecimento de algum directório de escolas em Portugal com estes métodos? Obrigada
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