Como sobreviver aos primeiros dias de creche - conselhos de uma mãe educadora.


Muitas creches e jardins de infância já abriram as suas portas na passada segunda feira.
Se para alguns pais e crianças este é um dia de alegria (e alivio) para outros, principalmente para quem é novo nestas andanças, foi o dia em que se iniciou uma nova tormenta : a adaptação!
Se para alguns sortudos este processo pode ser fácil, para a grande maioria não é e não vale a pena estar a mentir aos pais. É mesmo melhor que preparem os corações para alguns choros e gritos iniciais, mas posso garantir com toda a certeza que passa e fica tudo bem!
O ano passado estava a trabalhar numa sala de 1 ano, onde todas as crianças eram novas para mim. Posso confidenciar que durante todo o mês de Setembro chegava a casa com a cabeça em água, e que acabava por adormecer antes de conseguir dar o jantar ao baby, tal era a gritaria e choradeira naqueles dias. Não foi mesmo nada fácil, raramente o é, mas de semana para semana foi melhorando até que sem dar-mos por isso chega o dia em que nos saltam para os braços sorridentes e felizes dizendo adeus e mandando beijinhos aos pais!
Os meus conselhos como educadora são sempre os mesmos:

- Confie na escola que escolheu e nos seus profissionais, se não se sentir segura vai passar essa insegurança para a criança;

- A despedida deve ser rápida, dar sempre um grande beijinho e dizer SEMPRE que já o/a vem buscar - apesar de ser mais fácil "desaparecer" enquanto a criança está distraída, isso vai provocar na criança uma surpresa negativa e algum desespero quando perceber que a mãe/pai já não está ali e não saberá gerir o seu desaparecimento porque nem sabe o que aconteceu. Seja forte e despeça-se com um até já. A rapidez também é extremamente importante para não prolongar o sofrimento da despedida.

- Quando o for buscar, demore-se um bocadinho na sala a conhecer o espaço, os brinquedos,os adultos e as crianças da sala. Demonstre como gosta daquele espaço e como todos são amigos, isso vai fazendo com que a criança perceba que aquele espaço e aquelas pessoas são aprovadas por si e que está em segurança.

- Quando estão em casa fale animadamente da escola e como é fantástico ter novos amigos e ir aprender tantas coisas novas, porque é a verdade e porque isso vai entusiasmar a criança.

- Deixe que a criança leve algum objecto que lhe transmita conforto, pode ser as chuchas, as fraldas, um brinquedo...qualquer coisa que saiba que o acalma e o conforta.

Não existe formulas mágicas, e hoje sou eu que estou no outro lado da barricada a deixar o Tomás pela primeira vez na escola entre lágrimas e "na qué".
Felizmente tenho oportunidade de fazer a adaptação de forma muito gradual. Começa com apenas uma hora, e aos poucos vou deixando mais um pouco, mas durante este mês de Setembro não ficará o dia todo na escola. Não pensem que custa menos porque sou educadora, arrisco-me a dizer que é exactamente o contrário, mas como disse, é preciso confiar e acreditar que será o melhor para ele e que daqui a poucos dias chorará na altura de vir embora porque quer ficar mais um bocado (também é um clássico e cedo ou tarde acontece a todos).
Muito boa sorte a todos os papás e mamãs que estão a passar por isto, força e estamos juntos!! :P


Comentários

  1. Puff, o meu pequenino tem 3 anos e mudou de escolinha, não está a ser nada fácil mesmo...

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  2. O meu menino fez ontem 18 meses... como tenho tido (grande) ajuda da avó, não foi necessário colocar na creche... e se tudo correr como até agora, só irá para a "escolinha" aos 3 anos, para a pré-primária... É um pequeno extremamente activo e inteligente, a minha dúvida é se se pode depois notar mais a falta de "socialização" com outras crianças. Ele tem contacto com outros bebés e crianças mais crescidas, mas esporádico.... será que mais tarde vai ter dificuldades em fazer amigos? Ou isso não tem nada a ver?

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  3. Lembro-me bem desse dia. São dicas importantes. Há atitudes tão simples que fazem a diferença no emocional de uma criança. Bom regresso de férias :)

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  4. Não é um processo fácil.
    O meu tinha dias. As vezes ficava muito bem e feliz da vida outras a berrar... e é mesmo muito difícil virar costas e deixa-los a berrar :/

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