Como lidar com as birras?
O Martim, que agora têm 11 anos, nunca fez birras.
Já a Camila é uma criança birrenta...faz várias durante o dia (na escola não, segundo a educadora é um anjo caído na terra).
O Tomás, que no próximo mês de Outubro fará dois anos, já começa a ensaiar e mostra um ginete que não é brinquedo.
Se no meu trabalho como educadora, lidar com as birras das crianças é fácil, em casa, como mãe, lidar com as birras dos meus filhos é muito mais difícil e confesso que nem sempre consigo fazê-lo da melhor forma.
A verdade é que as crianças "esticam a corda" muito mais com os pais, fazem exigências e tentam levar a água aos seus moinhos usando-se do amor enorme que sabem que sentimos por eles.
Num destes dias, já de cabelos em pé e com taquicardia nervosa após uma birra estridente de um dos habitantes cá de casa (que não vou identificar mas só mencionar que passa o dia de tú-tú) decidi pesquisar estratégias para estas reacções emocionais aos olhos da parentalidade positiva.
Encontrei num site um convite:
" Da próxima vez que o seu filho tiver uma reacção emocional, coloque-se ao seu lado sem julgar nem avaliar a intensidade das suas emoções. Sinta só o momento e depois comunique com ele, faça perguntas e mostre interesse nos seus sentimentos".
Não foi preciso muito para poder aceitar o convite, e numa das muitas birra fiz exactamente o sugerido. Sentei-me ao lado da minha filha e fiquei a sentir toda aquela agitação.
Enquanto estava em silêncio dei-me conta que, embora eu não concordasse com o motivo, o sentimento que ela expressava era legitimo porque era de facto o que ela estava a sentir no momento e como processava determinada informação e todo aquele aparato deixou de me incomodar.
Em vez disso, queria ajudá-la a perceber o que se estava a passar e como poderíamos encontrar uma solução pacifica para todos.
"Estás a sentir-te triste não estás? Eu queria ajudar-te mas não sei como, o que é que achas que eu posso fazer para te ajudar?" Perguntei.
Então fiquei a ouvir e permiti-me sentir aquela dor infantil que só as crianças compreendem.
À medida que ela falava a birra ia passando ao sentir-se ouvida e compreendida e, invariavelmente, amada.
A crise emocional dos nossos pequenos vêm com a intensidade de um tornado, mas passados poucos minutos começa a diminuir se conseguirmos apoiar simplesmente a criança sem criticas, julgamentos, raiva ou gritos.
A nossa primeira reacção é gritar, mas isso irá gerar mais gritos e stress.
É fundamental acompanhar mas não podemos querer silenciar o choro, faz parte e ajuda a "lavar" a frustração.
São estes pequenos momentos que os ajudam a crescer.
Se nos mostrarmos firmes mas controlados, iremos transmitir confiança à criança e ela saberá que o pai e a mãe estarão lá para ela sempre, nos bons e maus momentos e que ela pode expressar sempre os seus sentimentos, anseios e frustrações. É difícil para nós, mas é essencial na construção de uma relação sólida, de confiança mutua e muito amor entre pais e filhos.
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