Waldorf do meu coração


Quando penso em pedagogia Waldorf vem-me logo à cabeça bosques, fadas e duendes, pés sujos e sorrisos rasgados.
Existe um lado maravilhoso nesta pedagogia, que é o da liberdade quase total da criança, do respeito pelo ritmo individual de cada um e pela mãe natureza.
Quando vejo imagens como estas (retiradas do pinterest) dá-me logo vontade de fazer as malas e mudar-me mesmo para o campo. Adorava poder oferecer tempo de qualidade aos meus filhos e que o campo e os animais fossem os seus principais professores. Acredito mesmo que das coisas mais valiosas que podemos dar aos nossos filhos é tempo, no meio destes dias sempre tão ocupados!
De acordo com a pedagogia Waldorf, a educação deve ser totalmente dedicada às necessidades do desenvolvimento da criança. Fala-se, neste caso, da antropologia evolutiva, que não busca a qualificação profissional e a produtividade económica, como acontece infelizmente na grande maioria das escolas nos dias de hoje.
 A criança, cresce e vai aprender a compreender qual será o seu papel no mundo sem qualquer imposição dos pais, das escolas e da sociedade em geral.
Uma das coisas que eu mais adoro nesta pedagogia é que dão um valor imenso ao campo artístico e valorizam muito os trabalhos manuais e artesanais. Têm tanto ou mais valor que aprender português ou matemática e grande parte dos seus ensinamentos são lavores que a sociedade actual tende em esquecer, como o tricô, a costura ou os bordados - são atividades perfeitas para a motricidade fina, trabalhar a atenção e concentração, a coordenação óculo-manual que mantêm o cérebro em grande actividade.
Aqui a sala de aula ideal é o ar livre, como jardins, campo ou florestas. Lugares que favoreçam o contacto da criança e da natureza e que permitam à criança explorar os elementos naturais livremente e ter desde cedo contacto com os alimentos orgânicos e biológicos.
Os contos de fadas fazem parte do dia a dia, sempre acompanhados com lindas ilustrações (idealmente a aquarelas).
Steiner (o pedagogo fundador desta pedagogia) argumentava que as crianças precisam dos contos de fadas. Ele ressaltava a importância de contar às crianças os contos populares, locais e do resto do mundo, porque os contos não apenas representam um patrimônio cultural inestimável, mas também porque representam um instrumento essencial para o crescimento das crianças, com suas histórias de obstáculos e provações que desenham as etapas da viagem que a criança terá de enfrentar na vida. Os contos de fadas dão conforto às crianças e contribuem para o desenvolvimento da imaginação e da compreensão das suas emoções.
Também os brinquedos e as bonecas característicos de waldorf são facilmente identificados.
As bonecas Waldorf são feitas à mão, são macias e ajudam a criança a desenvolver a imaginação. A sua principal característica é não ter grande expressão facial, pois a boneca precisa deixar espaço para a imaginação da criança. Desta forma, as crianças podem associar às bonecas, as emoções e expressões que elas preferirem. Para Waldorf as bonecas também são consideradas uma ferramenta importante para facilitar o diálogo interno de cada criança. 
Também defendem que acrianças aprendem por imitação, como quando imitam as actividades dos seus pais, e através da experimentação, isto é, passando na primeira pessoa pelas experiências, o tanto quanto possível.
Tudo isto é mágico e bonito e acho que tanta falta nos faz nos dias de hoje. 
Existe também um lado mais perigoso desta pedagogia que é a ausência de grandes regras e trabalho com as ditas competências do século XXI. Acredito que não é por viver no campo que não se pode ser um Ás nos computadores, porque quer se queira ou não eles são ferramentas importantíssimas nos dias de hoje, tanto para o trabalho como para termos acesso ao mundo inteiro à distância de um clique. 
De resto, tiro para mim muitas das práticas waldorf e adoraria que o meu mundo fosse mais assim!










Comentários

  1. Muito interessante. Eu acho que todas as pedagogias tem o seu lado bom e mau, no fim temos de encontrar o que se adequa mais a nós e aos nossos filhos. Texto maravilhoso, como sempre. Obrigada

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  2. Concordo com tudo Andreia, às vezes dá-me uma enorme vontade de "fugir" para o campo...
    De poder abrandar o ritmo, tanto o nosso, pais, como o da nossa filha...
    Ainda assim, tento sempre estimular a criatividade...

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  3. É uma pedagogia que também gosto muito, pelo foco na vertente artística e nos trabalhos manuais. O facto de ser privilegiado o contacto com a Natureza é fantástico!

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  4. Olá, curioso este tema, porque me revejo nessa pedagogia desconhecendo as suas bases. Hoje em dia é tão complicado trazer a Natureza para dentro de casa ou levar os filhos até ela. Já vivemos em Évora e recordo as tardes em que visitava a queijaria que tinha cabrinhas , coelhos e outros animais num cercado para que as crianças pudessem ter contacto mais próximo e real. Víamos cavalos em terrenos e parava o carro de propósito para que a minha filha puderes chamá -los. Quase todos os dias íamos as duas ao parque da Cidade ver os pavões, as flores, ver os patos e tocar na relva.
    Depois regressamos e embora estejamos em Mafra, uma zona bem calma e fora do rebuliço, tem bons parques e praia perto, a vida corre muito depressa e quase não há tempo para usufruir de tudo. Mas há sempre a vontade. Essa vontade de viver mais devagar, de trazer para o dia a dia o que se faz à mão e de raiz , como o pão e os lanches dos filhos.
    Obrigada por esta partilha.
    Infinitos agradecidos.

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  5. era mesmo um mundo perfeito, mas infelizmente a nossa sociedade neste momento não nos permite... sim, devíamos ser mais assim <3

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  6. Gostei muito do texto, faz-nos sonhar!
    Mas a realidade do "viver no campo" é outra, infelizmente!

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